Existem alimentos que favorecem e alimentos
que provocam o refluxo, porque ajudam a comprometer a mucosa do esôfago e do
estômago. Classicamente, é o caso do café, mas também do chá preto e chá mate,
que também contêm cafeína, do chocolate, dos alimentos ácidos, molho de tomate,
bebidas alcoólicas e bebidas gasosas, refrigerantes, (o gás promove o aumento
da pressão intragástrica).
Dieta
A dieta tem um papel fundamental no tratamento da hérnia
de hiato. Independentemente se a pessoa faz ou não tratamento medicamentoso,
a mudança de hábitos alimentares é importante para
o sucesso do tratamento. Um ganho excessivo de peso, o consumo de alimentos
gordurosos como embutidos, carnes gordas... ; o consumo de alimentos ácidos
que irritam a mucosa do estômago como picles, suco de tomate, frutas
cítricas... e o consumo de alimentos ricos em cafeína como
chocolates, laticinios, refrigerantes, sucos de caixinha e/ou de envelopes, café, o cigarro, entre outros, podem agravar muito o problema.
Com relação ao peso excessivo, sabe-se que
aumenta a pressão intra-abdominal e faz piorar o refluxo. Uma redução
das gorduras e da ingestão total de calorias pode reduzir os sintomas,
bem como a perda de peso gradual para aqueles que estiverem acima do peso.
É desejável uma perda de peso de 0,5 quilo por semana ou
de 1 quilo por mês. Exercícios regulares também são
importantes para manter o peso corporal ideal.
Os alimentos ricos em gorduras comumente fazem piorar
o refluxo e representam um problema particular quando comidos rapidamente
e juntamente com bebidas carbonatadas de cola, álcool ou café.
As comidas gordurosas ficam mais tempo no estômago que as outras
e também podem causar indigestão. As recomendações
para a ingestão diária de gorduras variam: uma diretriz
é de 45 g para homens e de 30g para mulheres. Para se ter uma idéia,
um hambúrguer típico com um pacote grande de batatas fritas
fornece 60g de gordura.
É importante também que o portador de hérnia
de hiato evite bebidas gasosas, que podem aumentar o desconforto. Depois
de comer, é aconselhável não se deitar ou abaixar
durante pelo menos uma hora, pois isso pode provocar refluxo. Recomenda-se
também que se evite substâncias que relaxam o diafragma,
como o álcool. Alimentos que irritam o estômago ou provocam indigestão
devem ser eliminados. Dentre os mais prejudiciais estão as especiarias,
as frutas cítricas, o suco de tomate, o picles e o vinagre. O café
e o cigarro aumentam a acidez estomacal. O chocolate e a hortelã
tendem a relaxar o esfincter do hiato.
Aliados
Alimentos ricos em fibras, como cereais e pães
integrais, vegetais e frutas frescas podem ser grandes aliados dos portadores
de hérnia hiatal. Esses alimentos ajudam no bom funcionamento do
intestino e impedem a prisão de ventre, um problema que agrava
a hérnia por causa da dilatação do abdômen.
Por esse mesmo motivo, exercícios físicos diários
e uma adequada ingestão de líquidos também são
importantes no tratamento da doença.
Uma recomendação importante é evitar
grandes refeições que provocam dilatação exageradas
do estômago. Ao invés disso, sugere-se 4 ou 5 pequenas refeições
ao longo do dia. A pessoa não deve comer ou beber nada por pelo
menos duas horas antes de ir para cama, já que à noite as
crises são mais comuns.
Dicas alimentares para portadores
de refluxo
1º) Reduzir o peso se estiver acima de seu
peso. 2º) Manter um diário dos alimentos e das bebidas que
pareçam causar seus sintomas. 3º) Observar o papel e os comportamentos alimentares, como
comer "correndo", refeições grandes, excesso de
álcool e cafeína. 4º) Ficar num equilíbrio de três refeições
e dois lanches por dia. Basear cada refeição em alimentos
pobres em gordura, ricos em fibras e em carboidratos, como cereais, pão,
massas ou arroz. 5º) Evitar "repetir" ao jantar e evitar comer menos
de 2 horas antes de ir dormir. 6º)Fazer escolhas sensatas ao comer fora - menos gordura e
limitar o número de pratos (tente uma entrada e uma salada ou apenas
um prato principal e salada) Este cardápio contém 35g-40g de gordura
e 30g de fibras
- Café da manhã - uma tigela de cereais
ricos em fibras, como musli, ou mingau com frutas frescas, ou leite desnatado
e torrada integral com um mínimo de margarina e mel.
- Almoço - frango e verduras com um mínimo de óleo,
servidos com arroz no vapor. Água gelada com limão ou suco
de lima.
- Lanches - frutas frescas, iogurte ligth, crackers pobres em gordura,
como biscoito de arroz, aveia, polvilho. Água, chá ou suco
diluído. Evitar lanches ricos em gorduras, como salgadinhos do
tipo batatas fritas, salgadinhos de milho e queijos e biscoitos doces.
- Jantar - sanduíches feitos de pão integral com queijos
pobres em gordura, carnes magras, peixe e salada. Não usar margarina
ou maionese. Frutas frescas com iogurte pobre em gorduras. Água,
chá ou suco diluído.
Finalizando, concluímos que a moral da história
todos já sabemos: substituindo hábitos errados por hábitos
alimentares corretos, disciplinando os horários das refeições
e usando o bom senso na escolha dos alimentos com certeza passamos a ter
uma qualidade de vida melhor, com ânimo para trabalhar, estudar,
divertir, passear, enfim , desfrutar o que a vida oferece de bom com alegria.
EVITAR
Chocolate
O chocolate ao leite comum é rico em gorduras e estimulantes
como tebromina e cafeína, além do próprio cacau, que podem provocar refluxo
ácido. Por isso, deve ser consumido com muita moderação por quem tem
predisposição a esse problema.
“Quem
sentir vontade de comer chocolate deve optar pelo amargo ou, no máximo o
meio-amargo. Esses dois tipos (o primeiro mais) são capazes de diminuir risco
de doenças vasculares, fazem bem para a pele, ajudam a prevenir contra o
Alzheimer, trazem bom humor e ainda por cima podem ser afrodisíacos”, completa.
Isso tudo se o chocolate for consumido
com moderação. A especialista indica 30 gramas diárias para não engordar. “O excesso
aumenta os níveis de gordura ruim (saturada), o acarreta em ganho de peso,
triglicérides e colesterol altos e, no futuro, pode refletir em uma doença
cardiovascular. Além disso, o açúcar presente no doce também pode desencadear
em diabetes do tipo 2”, alerta a nutricionista.
Para evitar a compulsão, a solução é
optar por uma alimentação equilibrada. Brunna afirma que isso é possível quando
existem nas refeições alimentos que pertençam ao grupo dos macronutrientes
(carboidrato, proteína e gordura) e micronutrientes (vitaminas e minerais).
“Essa combinação variada permite um corpo livre de qualquer impulso em busca de
chocolate”, finaliza.
O chocolate ao leite comum é rico em gorduras e estimulantes
como tebromina e cafeína, além do próprio cacau, que podem provocar refluxo
ácido. Por isso, deve ser consumido com muita moderação por quem tem
predisposição a esse problema.
Refrigerantes
Refrigerantes e outras bebidas
gaseificadas são algumas das principais causas do refluxo. Isso porque, dentro
do estômago, as bolhas expandem e o aumento de pressão provoca o refluxo. O
efeito é mais acentuado ainda nos refrigerantes que contém cafeína, substância
que pode causar refluxo, na composição.
Fritura e gordura
Os alimentos fritos ou excessivamente
gordurosos, além de engordarem
muito, estão entre os piores alimentos para quem tem
refluxo. Além disso, eles são bastante
associados também à azia, dor provocada pelo refluxo no esôfago.
Os alimentos fritos ou excessivamente
gordurosos, além de engordarem
muito, estão entre os piores alimentos para quem tem
refluxo. Além disso, eles são bastante
associados também à azia, dor provocada pelo refluxo no esôfago.
Álcool
Embora boa parte das bebidas não sejam
muito ácidas, o álcool tende a relaxar a válvula que une esôfago e estômago, o
que facilita o refluxo. Já a cerveja, por ser gaseificada, pode provocar o problema
ainda mais facilmente.
Alimentos lácteos gordurosos
Os alimentos gordurosos já são causa comum de refluxo, mas os derivados do
leite com alto teor de gordura, como queijos amarelos e manteiga, podem
produzir efeito ainda mais intensificado. O consumo desses alimentos deve ser
controlado por quem sofre com esse problema.
ELEVANDO O NÍVEL DA CABECEIRA DA SUA CAMA
Certas condições médicas , tais como congestão crônica, apnéia do sono,
doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) ou azia freqüente, queimação, podem piorar a condição de azia,
dormindo em um colchão paralelo ao chão. Se você sofre de
DRGE , uma recomendação do Instituto Nacional de Diabetes e Doenças
Digestivas e Renais, para ajudar a aliviar estes sintomas está em levantar a
cabeceira de sua cama . Elevar a cabeceira da sua cama eleva o seu trato
digestivo alto , e ajuda a manter o ácido em seu trato fluindo para
baixo enquanto você está dormindo em vez de retornar para cima, e ainda acordá-lo devido
ao desconforto. Levante a cabeça de sua cama para ajudar a aliviar
outros desconfortos , ou para lhe dar mais conforto geral à noite.
Comece elevando a cabeceira da sua cama em 5 cm, depois 10 cm, depois 15 ou até 20 cm e veja qual a melhor altura para o seu caso !
Como elevar a cabeceira de uma cama para aliviar o refluxo
Use tijolos para elevar a cabeceira da cama
Refluxo
ácido é um problema doloroso que pode afetá-lo a qualquer hora do dia,
sendo especialmente difícil para aqueles que o sofrem durante a noite,
já que a sensação de queimação pode mantê-lo acordado e em desconforto.
Um remédio para evitar o refluxo noturno é tentar elevar a cabeceira da
cama, o que ajudará a manter o ácido no estômago enquanto você dorme.
Elevar a cama pode ser feito em poucos passos.
Encontre algo
sólido, como tijolos ou tábuas de madeira, para ajudar a manter a cama
elevada. Tenha certeza de usar algo sólido e substancial, e evitar
qualquer coisa que as pernas da cama possam perfurar.
2
Já que você,
normalmente, mantém sua cama em um só lugar, remova quaisquer rodas que
possam haver, já que a cama será estrategicamente apoiada e qualquer
movimento acidental pode causar uma queda desastrosa.
3
Peça a um amigo
para ajudá-lo a levantar a cabeceira da cama em cerca de 18 a 20 cm. Um
de vocês deve segurar a cama, enquanto o outro coloca o apoio embaixo.
Se você estiver usando tijolos, empilhe três ou quatro em cada canto e
coloque mais uma pilha no centro, a fim de evitar a inclinação ou
deslizamento.
Doença do refluxo
Dr.
Marcelo Averbach é médico gastroenterologista, cirurgião do aparelho
digestivo e trabalha no Hospital Sírio-Libanês de São Paulo (SP).
Acordar
à noite com a sensação horrível de queimação, como se o esôfago
estivesse pegando fogo, pode ser sintoma da doença do refluxo
gastroesofágico. Vamos entender por que isso acontece. Os
alimentos mastigados na boca passam pela faringe, pelo esôfago (um tubo
que desce pelo tórax na frente da coluna vertebral) e caem no estômago
situado no abdômen. Entre o esôfago e o estômago, existe uma válvula que
se abre para dar passagem aos alimentos e se fecha imediatamente para
impedir que o suco gástrico penetre no esôfago, pois a mucosa que o
reveste não está preparada para receber uma substância tão irritante
(imagem 1).
Quando existe alguma fraqueza nessa região provocada
por alterações funcionais do próprio músculo ou porque o diafragma
(músculo que separa o tórax do abdômen) não consegue conter as
estruturas que estão abaixo dele, o estômago sobe e forma uma protrusão
chamada hérnia de hiato. Nesse caso, um líquido ácido escapa do
estômago, atinge o esôfago e pode alcançar outros órgãos dos aparelhos
digestivo e respiratório.
A
imagem 2 ajuda a entender o percurso do suco gástrico até faringe e a
boca, e a irritação que pode provocar nas estruturas da cavidade oral.
Como a parte superior do aparelho digestivo está em contato íntimo com o
aparelho respiratório (a faringe é separada da laringe pela epiglote), o
suco gástrico pode alcançar a glote e penetrar na laringe, traqueia,
brônquios e pulmões e provocar problemas graves no organismo.
MECANISMO
Drauzio – Como o suco gástrico consegue manter-se restrito ao estômago? Marcelo Averbach
– É tudo um jogo de pressão. No interior do estômago, ela é maior do
que no esôfago, daí a tendência de o conteúdo estomacal subir em direção
do esôfago. Isso não acontece porque a natureza lança mão de outros
mecanismos de pressão que impedem tal migração. O principal deles é o
esfíncter inferior do esôfago que se situa entre o estômago e o esôfago,
uma área de alta pressão. Ele se chama esfíncter funcional e funciona
como uma verdadeira válvula que não deixa o material do estômago refluir
para o esôfago.
Drauzio - Que alteração nesse mecanismo possibilita o refluxo gastroesofágico?
Marcelo Averbach
– Presença de refluxo gastroesofágico é sempre sinal que algo errado
está acontecendo nessa região do organismo. O indivíduo pode ter hérnia
de hiato, isto é, um deslocamento da transição entre o esôfago e o
estômago que se projeta para dentro da cavidade torácica, ou outra
alteração funcional do mecanismo que possibilita o retorno do suco
gástrico.
Existe, porém, o refluxo fisiológico que todos temos um
pouquinho de vez em quando. Nesse caso, o líquido que reflui é eliminado
naturalmente pelos movimentos do esôfago. É um processo de limpeza
chamado clareamento que o esôfago faz em si mesmo quando o ácido
estomacal chega até ele.
Drauzio– Nos episódios de refluxo, até onde pode chegar o suco gástrico?
Marcelo Averbach–
O refluxo pode chegar até a boca e provocar alterações dentárias e
gosto ruim, mas pode também subir pelo esôfago e comprometer a laringe e
os pulmões.
SINTOMAS
Drauzio– Qual a relação entre refluxo gastroesofágico e azia?
Marcelo Averbach – Na verdade, azia é um dos inúmeros sintomas que as pessoas com a doença do refluxo apresentam.
Drauzio – Azia
é um sintoma fácil de entender. Quando o suco gástrico sobe, queima as
paredes do esôfago e aparece o ardor característico da azia. Quais são
os outros sintomas?
Marcelo Averbach – A
doença do refluxo se manifesta de forma extremamente ampla. São
sintomas próprios do refluxo no esôfago a queimação e a dor torácica,
uma dor tão intensa que às vezes simula a dor da angina, do infarto ou
da isquemia no coração.
Quando atinge a laringe, o refluxo pode provocar inflamação acompanhada de tosse seca.
ALTERAÇÕES NO APARELHO RESPIRATÓRIO
Drauzio –Em geral, as pessoas custam a entender como um problema no estômago pode provocar tosse.
Marcelo Averbach –Eventualmente,
pacientes com laringite de refluxo que têm tosse podem ter o esôfago
normal, porque o ácido passa sem machucá-lo muito. O único sintoma é
mesmo a tosse e por isso eles acabam procurando um
otorrinolaringologista ou um pneumologista que reconhecem as alterações
sugestivas de refluxo.
Drauzio – Que outras alterações o ácido estomacal pode provocar no aparelho respiratório?
Marcelo Averbach
– Se for aspirado, o refluxo gastroesofágico pode ir parar dentro dos
pulmões e causar as doenças pulmonares propriamente ditas: pneumonias,
bronquites e asma. Muitos pacientes jovens com asma desencadeada pelo
refluxo melhoram muito do quadro asmático quando recebem tratamento para
o refluxo.
Drauzio – A asma é uma doença
autoimune e as mais variadas substâncias funcionam como gatilho das
crises. O que leva o médico a desconfiar de que o suco gástrico migrou,
entrou pela glote e atingiu o aparelho respiratório?
Marcelo Averbach–
Até alguns anos atrás, considerava-se que o refluxo provocava
basicamente esofagite de refluxo. Hoje se sabe que ele atua em diversos
segmentos. Por isso, ao tratar um paciente com asma ou pneumonias de
repetição, o médico precisa levantar a hipótese de a doença do refluxo
estar causando alterações fora do aparelho digestivo.
SITUAÇÕES DESFAVORÁVEIS
Drauzio –Em que situações o refluxo é mais frequente?
Marcelo Averbach–
Pode-se dizer que os episódios de refluxo são mais frequentes quando a
pessoa está deitada. Em pé, a gravidade ajuda a impedir a migração do
conteúdo gástrico para o esôfago. Na verdade, a situação ideal para o
refluxo é a do indivíduo que, depois de um dia trabalhando, chega em
casa cansado, com fome, faz uma refeição volumosa e se deita logo após o
jantar.
Drauzio–O ideal seria que ele comesse menos no jantar e respeitasse um intervalo de quantas horas entre o jantar e ir para cama?
Marcelo Averbach
– Três horas seria o tempo ideal entre a refeição da noite e o
deitar-se. Seria interessante também fracionar a dieta ao longo do dia,
ou seja, a pessoa deveria alimentar-se de forma adequada no café da
manhã, almoço, lanche da tarde e jantar, evitando assim que ele fosse a
principal refeição do dia.
ALTERAÇÕES ANATÔMICAS E FUNCIONAIS
Drauzio –Existem alterações anatômicas ou funcionais que levam ao refluxo?
Marcelo Averbach –A
obesidade é um fator de risco importante para o refluxo. Pacientes
obesos com pressão abdominal aumentada, que fazem refeições volumosas e
se deitam em seguida, estão mais sujeitos a episódios desse tipo e
muitos, quando emagrecem, deixam de apresentar o problema.
Roupas apertadas também facilitam o refluxo gastroesofágico por aumentar a pressão intra-abdominal.
DIETA ADEQUADA
Drauzio–Você
disse que o refluxo pode estar associado a refeições volumosas
ingeridas antes de ir para a cama. Existe algum tipo de alimento que
favorece o refluxo?
Marcelo Averbach –
Existem alimentos que favorecem e alimentos que provocam o refluxo,
porque ajudam a comprometer a mucosa do esôfago e do estômago.
Classicamente, é o caso do café, mas também do chá preto e chá mate, que
também contêm cafeína, do chocolate, dos alimentos ácidos, molho de
tomate, bebidas alcoólicas e bebidas gasosas (o gás promove o aumento da
pressão intragástrica).
Drauzio - Qualquer tipo de bebida alcoólica, ou algumas provocam mais refluxo do que outras?
Marcelo Averbach –
A rigor, qualquer tipo de bebida alcoólica, mas a reação varia de
pessoa para pessoa. Por exemplo, a cerveja que é habitualmente ingerida
em volumes maiores e tem gás deveria ser menos tolerada por indivíduos
com refluxo. No entanto, há os que se queixam de que o vinho tinto
provoca situações de desconforto piores do que a cerveja.
REFLUXO NA INFÂNCIA
Drauzio–Refluxo não aparece apenas nos adultos. Crianças pequenas também têm refluxo. Marcelo Averbach
– Nas crianças pequenas, os tecidos não estão totalmente formados e
existe certa fragilidade principalmente na transição entre o estômago e o
esôfago. Além disso, e o mais importante, é que a criancinha mama e
deita, quer dizer, deixa de ter a seu favor a gravidade.
Felizmente,
esse tipo de refluxo acaba sendo resolvido espontaneamente em virtude
do desenvolvimento dos tecidos e da mudança da alimentação. No início, o
bebê toma só leite; depois são introduzidas papinhas e alimentos
sólidos que refluem com menor facilidade.
Por fim, há a alteração do
decúbito. A criancinha que passava o dia inteiro deitada, fica sentada e
em pé, dá os primeiros passos, o que favorece a boa evolução do quadro
de refluxo.
Drauzio – Toda mãe sabe que
depois de amamentar deve pôr a criança em pé e bater em suas costinhas
para eliminar o ar que ficou preso no estômago. O que mais deve ser
recomendado?
Marcelo Averbach – A rigor,
nada. No entanto, se a criança tem refluxo que provoca problemas
respiratórios ou pneumonias de repetição, a conduta precisa ser mais
agressiva e exige orientação médica especializada. Alguns poucos casos,
inclusive, requerem tratamento cirúrgico.
DIAGNÓSTICO
Drauzio –Há
quadros de refluxo bastante sugestivos. Há outros um pouco mais
complicados. Quais são os métodos usados para confirmar o diagnóstico?
Marcelo Averbach –
O melhor método é a medida do pH do trato digestivo para medir o grau
de acidez do estômago e do esôfago. Essa medida é tomada durante 24
horas por um exame chamado pHmetria.
Habitualmente, não se começa
por ele. Começa-se pela endoscopia digestiva alta até porque algumas
doenças se manifestam do mesmo modo que o refluxo e a endoscopia alta
permite observar se o esôfago está inflamado (esofagite) ou se há uma
hérnia de hiato.
Drauzio–Em linhas gerais, como é medido o pH?
Marcelo Averbach–
Uma sonda muito fina com vários pequenos sensores é introduzida no
nariz do paciente, locada em seu esôfago e faz anotações eletrônicas do
que acontece naquele meio. Paralelamente, a pessoa vai registrando tudo o
que sentiu ou fez no decorrer do exame. Se teve dor ou azia, sinaliza.
Se fez uma refeição ou deitou-se, sinaliza. A composição dos dados
obtidos permite verificar a presença de refluxo em determinados
momentos.
Todavia é preciso ressaltar que a pHmetria feita em
qualquer um de nós vai revelar a ocorrência de refluxo fisiológico sem
complicações clínicas maiores.
Drauzio– É muito desagradável esse exame?
Marcelo Averbach – Não é muito desagradável. Os pacientes toleram bem a sonda que é fininha, embora alguns demonstrem certa aversão por fazê-lo.
A
pHmetria é um exame ambulatorial, que deixa a pessoa meio fora do
circuito, porque fica com a sonda durante 24 horas. Nesse tempo, ela
deve agir como está habituada para estimular situações do dia a dia que
possam desencadear as crises de refluxo.
TRATAMENTO
Drauzio– Feito o diagnóstico, qual o tratamento indicado para o refluxo? Marcelo Avebach–
O tratamento para refluxo pode ser clínico, endoscópico e cirúrgico. O
tratamento clínico inclui a administração de drogas que diminuem a
produção de ácido pelo estômago e melhoram a motilidade do esôfago.
Concomitantemente, o paciente é orientado a perder peso, a evitar
alimentos e bebidas que pioram o refluxo, a não se deitar logo após as
refeições e a fracionar a dieta. Ele é estimulado também a praticar
exercícios físicos.
Tais recomendações o paciente com refluxo deve
seguir durante a vida toda e a grande maioria responde bem e se
beneficia com esse tipo de tratamento.
Drauzio – A orientação dietética é complementar ao tratamento medicamentoso?
Marcelo Averbach– É complementar. Na verdade, o indivíduo obeso que consegue emagrecer pode deixar de ter refluxo e levar vida normal.
Drauzio - Qual é o objetivo do tratamento cirúrgico?
Marcelo Averbach–
A proposta do tratamento cirúrgico é confeccionar uma válvula. Quando
se fala em válvula, logo se pensa num dispositivo colocado dentro do
corpo para impedir o refluxo. Não é isso. Trata-se de uma dobra feita ao
redor do esôfago para que o estômago, quando cheio, comprima a parte
terminal do esôfago e impeça o refluxo. Nos casos de hérnia, sutura-se o
hiato esofágico para que desapareça o espaço por onde passa o refluxo, e
isso põe fim no problema.
A cirurgia pode ser feita de maneira
convencional, ou seja, abrindo a barriga, ou por via laparoscópica.
Neste caso, através de dois furinhos, introduz-se uma microcâmara para
orientar o procedimento.
Drauzio – Na
verdade, o objetivo da cirurgia é estrangular a passagem do esôfago para
o estômago a fim de impedir que o líquido estomacal reflua…
Marcelo Averbach
– Não sei se a palavra é estrangular. O que se pretende é deixar a
passagem o mais normal possível, evitando que o estômago permaneça fora
de posição e, ao mesmo tempo, construir uma válvula para que o refluxo
não ocorra.
Drauzio–Quais os casos em que a cirurgia é a melhor indicação?
Marcelo Averbach
– São candidatos à cirurgia pacientes com refluxo que não querem ser
tratados clinicamente. Às vezes, estão respondendo bem ao tratamento
clínico, mas não estão dispostos a continuar respeitando as limitações
que ele impõe. Querem deitar-se logo depois do jantar, comer os
alimentos de que gostam, embora agravem os episódios de refluxo, e não
querem tomar remédios diariamente. São candidatos também os pacientes
que não respondem bem a ao tratamento clínico, apesar de seguirem todas
as recomendações médicas.
Não se pode esquecer, porém, de que o
ácido subindo para o esôfago pode provocar esofagite de vários graus de
intensidade. Quando muito grave, as células do revestimento do esôfago
podem ser substituídas por outras com alteração na forma e no
comportamento, dando origem a um tumor maligno. Apesar de poderem ser
tratados clinicamente, esses pacientes são sérios candidatos à cirurgia
para evitar que o ácido continue traumatizando o revestimento do
esôfago.
Gostaria de enfatizar que de forma alguma indicamos
cirurgia para todos os pacientes com refluxo gastroesofágico, mesmo
porque sabemos que 7% da população (um número bastante expressivo) têm
refluxo e sentem azia, queimação e o gosto do suco gástrico na boca. Na
maior parte das vezes, porém, eles se automedicam, pois sabem que aquela
pastilhinha branca alivia os sintomas.
Drauzio –Você poderia descrever as cirurgias endoscópicas?
Marcelo Averbach– Os procedimentos por endoscopia são indicados para os pacientes com refluxo que não tenham hérnia de hiato muito grande.
Através
da própria endoscopia, é feita uma pequena sutura que dificulta a
migração do suco gástrico para o esôfago. Esse método terapêutico
permite também a colocação de alguns implantes especiais na transição
entre o estômago e o esôfago. Como são procedimentos novos, não é grande
o seguimento dos pacientes submetidos a esse tipo de tratamento, que
parece ser boa opção para casos selecionados.
Drauzio – E a cirurgia laparoscópica?
Marcelo Averbach
– O resultado da laparoscopia é exatamente o mesmo da cirurgia
convencional: fecha-se a abertura por onde o esôfago passa para o
abdômen e confecciona-se uma válvula, porém a agressão cirúrgica é muito
menor. O paciente é internado num dia para o procedimento laparoscópico
e, no máximo dois dias mais tarde, recebe alta e pode alimentar-se
normalmente.
A laparoscopia é uma técnica cirúrgica minimamente invasiva e tem-se mostrado efetiva no controle do refluxo gastroesofágico.
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